Relatório 1 (retroativo)

data: mais ou menos 2 meses atrás

Eu estou andando numa calçada normal, numa rua sem trânsito num dia muito claro, a paisagem não existe, pelo menos não há foco nela.

Derrepente uma mansão chama minha atenção, linda, de cor salmão.

O que mais me chama a atenção é um jardim lindo na frente que me lembra um pouco até o cuidado que a nonna tinha com o jardim da antiga chácara.

O jardim é inteiro formado por uma coluna baixa de folhas, que forma os caminhos que levam todos para uma fonte central (de cimento), aquelas com um chafariz central e água repousada pela bacia.

Eu caminho pelo jardim, me sentindo muito feliz e coloco minhas mãos naquela água que é cristalina como nunca vi antes e tomo um gole.

Derrepente sou abatido por uma sensação de invasão de propriedade. Começo a sair de lá as pressas, mas meu corpo fica leve e começa a flutuar, com meus pés tocando as colunas de folhas e eu não tenho um bom controle do corpo, é como quando a gente fica assustado e precisamos fazer um esforço enorme para a mover as pernas.

Com pequenos toques do pé nas plantas eu vou me impulsionando para fora, até que me bate o estalo de olha para trás e vejo um homem na porta da mansão.

A porta era dupla, de madeira, com entalhos coloniais, bastante alta e grossa e ficava recuada num platozinho coberto com duas colunas meio árabes.

O homem estava de roupa social com um hobby vermelho de seda com detalhes azuis, lembrando muito a vestimenta de ingleses nobres na década de 30 quando chegavam em casa do trabalho.

Esse homem era velho, com uma cabeleira branca e alta e olhava como quem me chama para entrar.

Enquanto eu o observava eu estava no ar, com apenas a ponta do pé direito apoiado nas folhas.

Com muito esforço eu consigo dar um último empulso e piso a calçada, voltando a minha caminhada, voltando de onde eu vinha, enquanto ele fica me observando.

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